Cada uma tem o ordinário que merece!

Eu tenho um amigo que não é assim um galã de primeira linha, mas tem lá seus encantos. É bem bonitinho, independente, criativo, lê muito e tem um belo gosto musical. Estávamos no maior papo regado a cerveja falando sobre tudo, inclusive sobre as mazelas da vida de uma mulher linda, solteira e inteligente (como nós, sistas!) quando ele me perguntou sobre minha vida sexual. É claro que uma pergunta dessa, assim de sopetão, me fez querer dizer que era ótima, ativa, cheia de adrenalina e emoção, mas como minto mal bagarayo, acabei confessando que não era assim uma grande maravilha, que eu dava meus pulinhos safados, mas a verdade era que eu transava menos do que queria, que a vida pra mulheres era sim muito injusta. Mas que isso não era um problemão, pois a vida não se resumia a sexo e eu acreditava ser assim com a maioria das mulheres solteiras.

Foi quando com a cara mais lavada e cheia de peroba do mundo, ele tabefeteou na minha cara que trepava dia sim, dia não (dependia um pouco do seu cansaço por conta do trabalho) e com mulheres diferentes, ou seja, ele alternava pra não enjoar. Fiquei com aquela cara de madame botocada, sem expressão olhando pro nada, e a única coisa que consegui perguntar depois de um tempo de catatonia, foi se essas mulheres sabiam disso, se elas sabiam que não eram as únicas na vida dele (afinal mulher que se preze gosta de exclusividade, num éam?), e olhando bem dentro dos meus olhos, disse: “Baby, sou um cara honesto, descobri em todos esses anos de putaria que a melhor coisa é sempre dizer a verdade. Me poupa muito trabalho e dores de cabeça”.

Quando eu já estava praticamente me contorcendo (ainda não descobri se por concordar com ele ou não!), ele disse que a humanidade só está nessa vida besta e monogâmica, consequentemente frustrante e triste, por conta dos preceitos da igreja, dos valores equivocados de família e propriedade e que se todos pensassem como ele o mundo seria menos hipócrita e muito mais alegre. Tentando ainda entender a cabeça desse ser humano, eu disse que ele talvez enxergasse a vida assim pelo simples fato de nunca ter se apaixonado de verdade por uma mulher, a ponto de não querer dividir esse amor com mais ninguém, amar tanto que só ela o fizesse perder o rumo e a razão.

Foi quando ele lançou: “Minha linda, o fato de eu ter várias mulheres não significa que todas elas sejam iguais pra mim. Cada uma tem uma importância diferente, porque são diferentes. Umas eu só tenho vontade de comer e elas sabem disso, outras eu quero que fiquem aqui em casa conversando e passando o tempo comigo por algumas horas ou até dias. Eu gosto de todas, mas todas elas, sem exceção, tem que saber que sou um cara assim, sou um cara que não acredita nessa coisas, porém, tenho uma coisa que elas buscam em todos os homens insitentemente e nunca acham, honestidade!"

É sistas...bonitinho e nem posso dizer que é ordinário! 


Aline Abovsky