Quem nasceu pra se fuder, nunca perde a majestade.

Vai dizer que não é uma maravilha saber que o final do ano está chegando? E tão certo quanto saber que o homem veio do macaco, fica todo mundo loucão pra passar sufoco na praia. Porque vocês tem que convir comigo que sair de São Paulo é muito bom, mas ir pra praia nessa época do ano é pior do que carnaval na Bahia de tanta gente junta. Tá, não sei se é pior, mas é no mínimo bem parecido, néam? E se você é um fudido que não tem uma puerra de uma amigo com uma casa bacanona, o sufoco vai desde falta de água pra tomar um banho decente e tirar areia do furico até não poder ligar dois eletrodomésticos ao mesmo tempo pra não cair a resistência da favela.

Mas calma, não se esqueçam  que antes de passar por isso, antes de você pegar o carro e enfrentar deliciosas 5 horas pra chegar no Boqueirão, num calor hijo de puta, com os amigos já bêbados no banco de trás cantando Andança em duas vozes, você ainda tem que encarar toda a santa cafonice do Natal, com Papais Noéis saindo de tudo quanto é lado, a Simone cantando em TODAS as lojas possíveis, ahhhh…e os maravilhosos enfeites dourados que mais lembram as pulseiras da Hebe do que o tal menino Jésus.

Eu sei que agora algumas pessoas vão falar que eu não tenho coração, que não tenho religião ou que eu não gosto de Natal porque sou judia (coisa que também não sou!), mas tenho que dizer que não é nada disso não, não é que eu não goste de Natal, eu só acho Natal uma época triste bagarayo, onde a maioria das pessoas se confraterniza com quem fudeu, no mau sentido dessa palavra, o ano todo. Onde falsos beijos e abraços são distribuídos sem o menor constragimento. Sem a menor vergonha na cara. Sem falar do sorrisão escancarado, porém amarelo, dos que recebem a lembrancinha da 25 de março de amigo secreto da firma.

É…a vida não é fácil, mermão! Então bóra botar seu abadá pra ser VIP nessa farra bacaninha e tá tudo certo, porque é como diz a minha sista, Andrea Tomie, não basta correr atrás do caminhão de lixo, a gente tem que latir, bebê! E não é novidade pra ninguém, néam, que pra se desfrutar dos prazeres do Paraíso, você tem que dar uma passadinha no fervo que é o Purgatório.


Aline Abovsky